underpop

http://underpop.online.fr 2008-05-14  

Google Friend Connect

A Google revelou uma versão preliminar do Friend Connect, um serviço que permite implementar funcionalidades semelhantes às das redes sociais em qualquer página da Internet.

Para adicionarem as funcionalidades sociais - como cadastro de visitantes, convites, galeria de membros ou envio de mensagens - os administradores dos portais apenas necessitam de adicionar um pedaço de código à página, não necessitando de quaisquer conhecimentos de programação.O Friend Connect suporta ainda aplicações externas desenvolvidas pela comunidade de programadores da plataforma OpenSocial, que integra pesos pesados da Internet como a fundadora Google, a MySpace ou a Yahoo!.

A Google afirma que o novo serviço não é uma resposta às iniciativas anunciadas na semana passada MySpace Data Availability e Facebook Connect, que permitem que os membros daquelas redes sociais transfiram as informações dos seus perfis para outros sites que utilizem regularmente.


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2008-05-11  

AI, ai...

Aposto todas as minhas fichas na inteligência artificial, já que a natural deu no que deu. É contraditório, sei, porque a artificial terá de nascer da natural. Mas a vida é assim mesmo, ou você ainda não viu muita menina bonita em família de ogros? Ou grandes romances escritos por uns caras que, bem, deixa pra lá. Certo que a inteligência artificial parece um pouco mais complicada do que o avião, o submarino e os seios de silicone, sonhos impossíveis há muito pouco tempo. Mas eu não duvido, ressabiado como o gaúcho aquele que não se espantou com a conquista da Lua, porque não duvidava de mais nada desde que tinham inventado a máquina de descascar milho. Agora, por enquanto, os sinais de inteligência artificial são indignos até da loura burra das piadas. Veja-se, por exemplo, o corretor gramatical do Word 2000. No começo fiquei entusiasmado. Como sou acossado pela gramática desde o primário, pensei: chegou a hora da vingança. Uma clicada e pronto, vexames nunca mais. Mas a desilusão, como a morte e a polícia montada do Canadá, veio a cavalo. Às voltas com a tradução de um historiador, comecei a implicar com o corretor porque sempre me mandava botar vírgula antes de mas, ou escrever além disso entre vírgulas. Santa burocracia! Mas, suspirei resignado, o ritmo é uma preocupação literária, não gramatical. Só que, algumas linhas em frente, o corretor me acertou entre os olhos. A frase começava assim: Há inscrita. Sugestão: Há insalivado. O mais absurdo é que o próprio dicionário do Word encasquetou com insalivado e me recomendou substituir por instilado, mas mais tarde resolveu aceitar que havia insalivação. Se eu seguisse todas as sugestões? — pensei voluptuosamente. Mas me contive porque nem sempre as sugestões são engraçadas. De qualquer forma, acho que devo experimentar qualquer dia desses e mandar o resultado para as pessoas que criaram o dito corretor gramatical. Vejamos um exemplo com plural. Escrevi: “a significação da cultura escrita para os que tinham livros”. Sugestão: “as significações da cultura escritas”. Às vezes, por mais esquisita que seja a sugestão, dá para ver onde a lógica do programa tropeçou nos próprios calcanhares. Aqui, confesso, boiei. Pior ainda: escrevi agora mesmo toda a frase e o corretor ficou impassível. Quer dizer que ele “vareia”? Talvez o clima, a lua, as marés, o horóscopo influam. Outro exemplo: “Podem ir em sentido contrário”. Sugestão: “Podem ir a sentido contrário”. Como teste, escrevo: “ir na Brasília”. Não deu outra, me manda à Brasília, como se eu não falasse da Brasília amarela, aquela de portas abertas. Me senti nervoso à espera da crase. Mas eu sabia que ela não ia demorar muito. Impossível falar de crase sem voltar à imortal tirada do Ferreira Gullart: a crase não foi feita para humilhar ninguém. Não foi mas tem humilhado. Como tem. Pelo que se lê nos jornais, nem só os vestibulandos decidem a questão no par ou ímpar. Novo teste: tirei a crase de voltar à imortal tirada. O corretor nem se coçou. Mas quando escrevi “Essa foi a proposta de trabalho”, o bruto me sugeriu usá-la. Ainda usando minha tradução como exemplo, feiosa e enrolada: “um espaço autônomo, o da crítica literária, que seria a prefiguração do espaço público político depois de sê-lo literário”. As sugestões foram duas. Primeira: “um espaço autônomo, o da crítica literária, que seria a prefiguração do espaço pública político depois de sê-lo literário”. Segunda: “um espaço autônomo, o da crítica literário”. Mas aqui ele me pegou. Escrevi “As sugestão foram duas”. Ele foi em cima. Mas se escrevo “A sugestão foram duas”, ele moita. Por quê? Pior: sugere que eu acrescente novo erro: “‘A sugestão foram duas’, elas moita”. Estou começando a pensar em pedir meu dinheiro de volta. “Um lugar propriamente dito” é uma expressão mais do que comum. Mesmo assim o corretor me sugere trocar por “Um lugar propriamente dita” ou por “Uns lugares propriamente ditam”. Daí eu fico pensando: esse corretor foi testado pelos autores? Há uma margem de erro para produtos vendidos a quilo, uns dez por cento, me parece. No caso de um corretor gramatical, qual seria a margem de erro aceitável? Não certamente de oitenta a noventa por cento, confere? Mas a minha preocupação não é com a gramática. Errar uma crase não tira pedaço. A minha preocupação é com nossa confiança no computador. Penso, por exemplo, em carros computadorizados, carros com programas que nos ajudam a fazer uma curva, que reconhecem automaticamente o terreno e reduzem, fazem a marcha, buzinam pra mulher gostosa. Mas se o terreno propriamente dito propriamente dita? Elas moita? ...

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