A Google revelou uma versão preliminar do Friend Connect, um serviço que permite implementar funcionalidades semelhantes às das redes sociais em qualquer página da Internet.
Para adicionarem as funcionalidades sociais - como cadastro de visitantes, convites, galeria de membros ou envio de mensagens - os administradores dos portais apenas necessitam de adicionar um pedaço de código à página, não necessitando de quaisquer conhecimentos de programação.O Friend Connect suporta ainda aplicações externas desenvolvidas pela comunidade de programadores da plataforma OpenSocial, que integra pesos pesados da Internet como a fundadora Google, a MySpace ou a Yahoo!.
A Google afirma que o novo serviço não é uma resposta às iniciativas anunciadas na semana passada MySpace Data Availability e Facebook Connect, que permitem que os membros daquelas redes sociais transfiram as informações dos seus perfis para outros sites que utilizem regularmente.
Aposto todas as minhas fichas na inteligência artificial, já que a natural deu no que deu. É contraditório, sei, porque a artificial terá de nascer da natural. Mas a vida é assim mesmo, ou você ainda não viu muita menina bonita em família de ogros? Ou grandes romances escritos por uns caras que, bem, deixa pra lá. Certo que a inteligência artificial parece um pouco mais complicada do que o avião, o submarino e os seios de silicone, sonhos impossíveis há muito pouco tempo. Mas eu não duvido, ressabiado como o gaúcho aquele que não se espantou com a conquista da Lua, porque não duvidava de mais nada desde que tinham inventado a máquina de descascar milho. Agora, por enquanto, os sinais de inteligência artificial são indignos até da loura burra das piadas. Veja-se, por exemplo, o corretor gramatical do Word 2000. No começo fiquei entusiasmado. Como sou acossado pela gramática desde o primário, pensei: chegou a hora da vingança. Uma clicada e pronto, vexames nunca mais. Mas a desilusão, como a morte e a polícia montada do Canadá, veio a cavalo. Às voltas com a tradução de um historiador, comecei a implicar com o corretor porque sempre me mandava botar vírgula antes de mas, ou escrever além disso entre vírgulas. Santa burocracia! Mas, suspirei resignado, o ritmo é uma preocupação literária, não gramatical. Só que, algumas linhas em frente, o corretor me acertou entre os olhos. A frase começava assim: Há inscrita. Sugestão: Há insalivado. O mais absurdo é que o próprio dicionário do Word encasquetou com insalivado e me recomendou substituir por instilado, mas mais tarde resolveu aceitar que havia insalivação. Se eu seguisse todas as sugestões? — pensei voluptuosamente. Mas me contive porque nem sempre as sugestões são engraçadas. De qualquer forma, acho que devo experimentar qualquer dia desses e mandar o resultado para as pessoas que criaram o dito corretor gramatical. Vejamos um exemplo com plural. Escrevi: “a significação da cultura escrita para os que tinham livros”. Sugestão: “as significações da cultura escritas”. Às vezes, por mais esquisita que seja a sugestão, dá para ver onde a lógica do programa tropeçou nos próprios calcanhares. Aqui, confesso, boiei. Pior ainda: escrevi agora mesmo toda a frase e o corretor ficou impassível. Quer dizer que ele “vareia”? Talvez o clima, a lua, as marés, o horóscopo influam. Outro exemplo: “Podem ir em sentido contrário”. Sugestão: “Podem ir a sentido contrário”. Como teste, escrevo: “ir na Brasília”. Não deu outra, me manda à Brasília, como se eu não falasse da Brasília amarela, aquela de portas abertas. Me senti nervoso à espera da crase. Mas eu sabia que ela não ia demorar muito. Impossível falar de crase sem voltar à imortal tirada do Ferreira Gullart: a crase não foi feita para humilhar ninguém. Não foi mas tem humilhado. Como tem. Pelo que se lê nos jornais, nem só os vestibulandos decidem a questão no par ou ímpar. Novo teste: tirei a crase de voltar à imortal tirada. O corretor nem se coçou. Mas quando escrevi “Essa foi a proposta de trabalho”, o bruto me sugeriu usá-la. Ainda usando minha tradução como exemplo, feiosa e enrolada: “um espaço autônomo, o da crítica literária, que seria a prefiguração do espaço público político depois de sê-lo literário”. As sugestões foram duas. Primeira: “um espaço autônomo, o da crítica literária, que seria a prefiguração do espaço pública político depois de sê-lo literário”. Segunda: “um espaço autônomo, o da crítica literário”. Mas aqui ele me pegou. Escrevi “As sugestão foram duas”. Ele foi em cima. Mas se escrevo “A sugestão foram duas”, ele moita. Por quê? Pior: sugere que eu acrescente novo erro: “‘A sugestão foram duas’, elas moita”. Estou começando a pensar em pedir meu dinheiro de volta. “Um lugar propriamente dito” é uma expressão mais do que comum. Mesmo assim o corretor me sugere trocar por “Um lugar propriamente dita” ou por “Uns lugares propriamente ditam”. Daí eu fico pensando: esse corretor foi testado pelos autores? Há uma margem de erro para produtos vendidos a quilo, uns dez por cento, me parece. No caso de um corretor gramatical, qual seria a margem de erro aceitável? Não certamente de oitenta a noventa por cento, confere? Mas a minha preocupação não é com a gramática. Errar uma crase não tira pedaço. A minha preocupação é com nossa confiança no computador. Penso, por exemplo, em carros computadorizados, carros com programas que nos ajudam a fazer uma curva, que reconhecem automaticamente o terreno e reduzem, fazem a marcha, buzinam pra mulher gostosa. Mas se o terreno propriamente dito propriamente dita? Elas moita? ...