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Conceito de "raças" foi criado para justificar dominação

Conceito de "raças" foi criado para justificar dominação.

As "raças" e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade. O conceito de que existem diferentes "raças humanas" foi criado pelo próprio homem e ganhou força com base em interesses de determinados grupos, que necessitavam de justificativas para a dominação sobre outros grupos.

A afirmação é do geneticista Sérgio Pena, autor do livro "Humanidade Sem Raças?" (Publifolha, 2008), da Série 21. O título tem formato de ensaio e aborda o conceito de "raças" e o racismo de forma sintética. Saiba mais sobre o livro
O autor examina a questão sob o prisma da biologia e da genética moderna, com uma perspectiva histórica. E propõe, já no trecho de abertura do livro, que pode ser lido abaixo, a necessidade da "desinvenção" imediata do conceito de "raças".
"Perversamente, o conceito tem sido usado não só para sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo e a dominação de alguns grupos sobre outros", afirma o autor. "Assim, a sobrevivência da ideia de raça é deletéria por estar ligada à crença continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de valor."
Leia abaixo o trecho de introdução de "Humanidade Sem Raças?". O texto mantém a ortografia original do livro, publicado em 2008.
* A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na Irlanda do Norte, em Ruanda e nos Bálcãs, no fim do século passado, e após o 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque e os conflitos de Darfur no início do século 21, temos de adicionar quatro novos cavaleiros: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa.

Neste livro vamos examinar um desses: o racismo, com o seu principal comparsa, a crença na existência de "raças humanas". Proponho demonstrar que as raças humanas são apenas produto da nossa imaginação cultural. Como disse o epidemiologista americano Jay S. Kaufman, as raças não existem em nossa mente porque são reais, mas são reais porque existem em nossa mente.1

Acredito que a palavra devia ser sempre escrita entre aspas. Como isso comprometeria demais a apresentação do texto, serão omitidas aqui, mas gostaria de sugerir que o leitor as mantivesse, imaginariamente, a cada ocorrência do termo. No passado, a crença de que as raças humanas possuíam diferenças biológicas substanciais e bem demarcadas contribuiu para justificar discriminação, exploração e atrocidades. Ao longo dos tempos, esse infeliz conceito integrou-se à trama da nossa sociedade, sem que sua adequação ou veracidade tenham sido suficientemente questionadas.

Perversamente, o conceito tem sido usado não só para sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo e a dominação de alguns grupos sobre outros. Assim, a sobrevivência da idéia de raça é deletéria por estar ligada à crença continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de valor. Essa persistência é tóxica, contaminando e enfraquecendo a sociedade como um todo.

Henry Louis Gates Jr. (1950), professor da Universidade de Harvard e diretor do Instituto w.e.b. Du Bois de Pesquisa Sobre Africanos e Afro-Americanos, é um brilhante intelectual norte-americano da atualidade. Em um artigo intitulado "A Ciência do Racismo", recentemente publicado online na revista The Root, Gates faz a seguinte afirmativa: "[...] a última grande batalha sobre o racismo não será lutada com relação ao acesso a um balcão de restaurante, a um quarto de hotel, ao direito de votar, ou mesmo ao direito de ocupar a Casa Branca; ela será lutada no laboratório, em um tubo de ensaio, sob um microscópio, no nosso genoma, no campo de guerra do nosso DNA. É aqui que nós, como uma sociedade, ordenaremos e interpretaremos a nossa diversidade genética".2

Vou seguir a sugestão de Gates e examinar toda a questão das raças humanas e do racismo sob o prisma da biologia e da genética moderna, com uma perspectiva histórica. Assim, contrasto três modelos estruturais da diversidade humana. O primeiro, com base na divisão da humanidade em raças bem definidas, foi desenvolvido nos séculos 17 e 18 e culminou no racismo científico da segunda metade do século 19 e no movimento nazista do século 20. Esse equivocado modelo tipológico definiu as raças como muito diferentes entre si e internamente homogêneas. E foi essa crença de que as diferentes raças humanas possuíam diferenças biológicas substanciais e bem demarcadas que contribuiu para justificar discriminação, exploração e atrocidades.

O segundo foi o modelo populacional. Incorporando novos conhecimentos científicos, ele surgiu após o final da Segunda Guerra Mundial, e fez a divisão da humanidade em populações, que passaram a ser corretamente percebidas como internamente heterogêneas e geneticamente sobrepostas. Infelizmente ele se degenerou em um modelo "populacional de raças" e tem sido compatível com a continuação do preconceito e da exploração.

O que proponho para o século 21 é a substituição desses dois modelos prévios por um novo paradigma genômico/individual de estrutura da diversidade humana, que vê essa espécie dividida não em raças ou populações, mas em seis bilhões de indivíduos genomicamente diferentes entre si, mas com graus maiores ou menores de parentesco em suas variadas linhagens genealógicas.

Este terceiro e novo modelo genômico/individual valoriza cada ser humano como único, em vez de enfatizar seu pertencimento a uma população específica, e está solidamente alicerçado nos avanços da genômica, especialmente na demonstração genética e molecular da individualidade genética humana e na comprovação da origem única e recente da humanidade moderna na África. Ele é fundamentalmente genealógico e baseado na história evolucionária humana - enfatiza a individualidade e a singularidade das pessoas e o fato de que a humanidade é uma grande família. Nele, a noção de raça humana perde totalmente o sentido e se desfaz como fumaça.

A mensagem principal deste livro é que se deve fazer todo esforço em prol de uma sociedade desracializada, que valorize e cultive a singularidade do indivíduo e na qual cada um tenha a liberdade de assumir, por escolha pessoal, uma pluralidade de identidades, em vez de um rótulo único, imposto pela coletividade. Esse sonho está em perfeita sintonia com o fato demonstrado pela genética moderna: cada um de nós tem uma individualidade genômica absoluta, que interage com o ambiente para moldar uma exclusiva trajetória de vida.

A Invenção das Raças
Parece existir uma noção generalizada de que o conceito de raças humanas e sua indesejável conseqüência, o racismo, são tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles como parte essencial da "natureza humana". Isso não é verdade. Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade.
Desde os primórdios da humanidade houve violência entre grupos humanos, mas só na era moderna essa violência passou a ser justificada por uma ideologia racista. De fato, nas civilizações antigas não são encontradas evidências inequívocas da existência de racismo (que não deve ser confundido com rivalidade entre comunidades). É certo que havia escravidão na Grécia, em Roma, no mundo árabe e em outras regiões. Mas os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra e não havia a idéia de que fossem "naturalmente" inferiores aos seus senhores. A escravidão era mais conjuntural que estrutural - se o resultado da guerra tivesse sido outro, os papéis de senhor e escravo estariam invertidos.

A emergência do racismo e a cristalização do conceito de raças coincidiram historicamente com dois fenômenos da era moderna: o início do tráfico de escravos da África para as Américas e o esvanecimento do tradicional espírito religioso em favor de interpretações científicas da natureza.

Diversidade Humana
Antes de prosseguirmos, proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local onde haja grande número de pessoas - uma sala de aula, um restaurante, o saguão de um edifício comercial ou mesmo a calçada de uma rua movimentada. Agora observe cuidadosamente as pessoas ao redor.
Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Podemos ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na falta relativa de pêlos, características da espécie humana que nos distinguem dos outros primatas.
Por outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo, idade, altura, peso, massa muscular e distribuição de gordura corporal, comprimento, cor e textura dos cabelos (ou ausência deles), cor e formato dos olhos, formatos do nariz e lábios, cor da pele etc.
Essas variações são quantitativas, contínuas, graduais. A priori, não existe absolutamente qualquer razão para valorizar uma ou outra dessas características no exercício de perscrutação. Mas logo se descobre que nem todos os traços têm a mesma relevância. Alguns são mais importantes; por exemplo, quando reparamos que algumas pessoas são mais atraentes que outras.
Além disso, há características que podem nos fornecer informações sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa tenha ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc. Mas isso é tudo: não há nada mais que se possa captar à flor da pele.
Pense bem. Como é possível que o fato de possuir ancestrais na África faça o todo de uma pessoa ser diferente de quem tem ancestrais na Ásia ou Europa? O que têm a pigmentação da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares que determinam uma individualidade existencial? Tratar um indivíduo com base na cor da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com respeito ao caráter ou ações daquela pessoa.

1 Kaufman, J. S., "How Inconsistencies in Racial Classification Demystify The Race Construct in Public Health Statistics". Em: Epidemiology, 10:108-11, 1999.
2 Gates, H. L., "The Science of Racism". Em: The Root (www.theroot.com/id/46680/output/print), 2008. * "Humanidade Sem Raças?"
Autor: Sergio D. J. Pena
Editora: Publifolha
Páginas: 72
Quanto: R$ 12,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha.
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# 8/18/2009 11:52:00 PM, Comentários, Links para esta postagem,

EUA danificam Babilonia

Unesco denuncia danos causados pelos EUA à Babilônia, no Iraque:

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) denunciou nesta quinta-feira que as tropas estadunidenses e forças de segurança privadas contratadas pelos Estados Unidos para atuar na Guerra do Iraque causaram graves danos ao sítio arqueológico da Babilônia.
Os vestígios arqueológicos da cidade sofreram deteriorações graves durante "escavações, desmantelamentos e nivelações de terreno", diz um informe elaborado pelo Comitê Internacional de Coordenação da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural do Iraque (CIC-Irak), divulgado nesta quinta-feira.
Soldados dos EUA fazem guarda na histórica Babilônia; Unesco denuncia danoao local histórico durante ocupação estadunidense:Soldados dos EUA fazem guarda na histórica Babilônia; Unesco denuncia danoao local histórico durante ocupação estadunidense


Situada a 90 km ao sul da capital Bagdá, a cidade da Babilônia foi a capital de dois famosos reis da Antiguidade: Hamurabi (1792-1750 a.C.) e Nabucodonosor (604-562 a.C.). Hamurabi é o autor de um dos primeiros códigos jurídicos da humanidade, e Nabucodonosor foi o rei que mandou construir os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo.
Segundo o texto, as tropas e empresas contratadas por Washington cavaram centenas de metros de túneis pelas ruínas e usaram veículos militares pesados sobre o que eram caminhos frágeis de procissão.
"Houve dano considerável", disse o arqueólogo John Curtis, do Museu Britânico, que inspecionou o local após os EUA entregarem o controle de volta ao governo iraquiano.
O relatório afirma ainda que, durante a guerra, iniciada em 2003, a cidade arqueológica foi saqueada e coleções dos museus dedicados a Hamurabi e a Nabucodonosor, assim como na Biblioteca e nos Arquivos da Babilônia, foram destruídas.
O sítio arqueológico da Babilônia foi utilizado como base militar pelas forças armadas da coalizão no período entre 2003 e 2004.
Em informe próprio, o Museu Britânico compara os danos ao estabelecimento de um acampamento militar nas proximidades da Grande Pirâmide do Egito ou do pré-histórico Stonehenge no Reino Unido.
O texto afirma ainda que foram produzidos danos consideráveis em alguns elementos estruturais importantes, como a Porta de Ishtar e a Via Processional.
A agência cultural da ONU (Organização das Nações Unidas) quer transformar a Babilônia em patrimônio da humanidade para evitar vandalismo semelhante no futuro.
Os estadunidenses afirmam que a destruição causada por vandalismo seria maior caso as tropas não estivessem no local.





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# 7/09/2009 05:00:00 PM, Comentários, Links para esta postagem,

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Tarefas que um utilizador tem permissão de executar em um computador ou domínio baseado no Windows. Existem dois tipos de direitos de utilizador: privilégios e direitos de logon. Um exemplo de privilégio é o direito de desligar o sistema. Um exemplo de direito de logon é o direito de efetuar o logon em um computador interativamente. Os dois tipos são atribuídos por administradores a utilizadores individuais ou grupos como parte das configurações de segurança do computador.

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# 7/18/2007 09:00:00 PM, Comentários, Links para esta postagem,

Autorização baseada em função

Um tipo de autorização que usa funções para determinar direitos de acesso e privilégios. Uma função é uma categoria simbólica de utilizadores que compartilham o mesmo privilégio de segurança.
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