Acabando com o mundoA MTV apresentou ontem (09/set) seu 4º Dossiê Universo Jovem – “O que o jovem brasileiro pensa e sabe sobre Sustentabilidade?”.

O estudo mapeou os valores e o comportamento de jovens brasileiros, tomando por referência um público entre 12 e 30 anos, de oito das maiores cidades brasileiras. No evento foi apresentado um vídeo de 50 minutos e na seqüência o filósofo e educador Mario Sergio Cortella interpretou e desdobrou uma série de conceitos e fatos envolvidos.

O assunto é extenso, rendeu um livro detalhado, e vou tentar resumir aqui nesse Repique à altura e com a dignidade que o tema merece ser tratado. Lá vai:

O Eu fraco
Essa geração se enxerga “vaidosa, consumista e acomodada”, marcada principalmente pela individualidade e vítima de um sistema que impõe o consumo desenfreado – um padrão insustentável, dado que não existem recursos naturais nem o planeta agüentaria se todo mundo e cada um tivesse carro, celular, iPod e um microcomputador.

“Me revolto sozinha, em casa”.
Ninguém enxerga um jeito ou caminho para agir. Faltam exemplos, faltam meios para se organizar coletivamente. A responsabilidade de todos e de cada um está diluída – a ação é individual, mas os danos são coletivos. Essa geração já nasce pagando a dívida deixada por seus antepassados, e a forma apocalíptica como vem sendo tratado o tema não ajuda a engajar – aquecimento global, falta de água, desmatamento são questões distantes e ainda intangíveis – “peças isoladas de um grande quebra-cabeça que nem todos conseguem montar”.

“Poluição é uma outra palavra para envenenamento”.
O canal das imagens clipadas conclama então o público presente – formado em sua grande maioria por publicitários e imprensa, a reorientar o trabalho de mídia, e “erotizar” o tema sustentabilidade, no bom sentido de criar desejo de conscientização e atitude diante da causa.

Sustentabilidade e meio ambiente tem haver com a idéia de relação com a vida e com o outro, o contrário de individualismo e competição. Nossa espécie só sobreviveu no tempo graças a sua capacidade de cooperação - estamos TODOS nesse processo, no mesmo nível, pisando no mesmo chão.

E por fim, 'felicidade' na origem do termo significa 'fertilidade' - vida e vitalidade em abundância. O recado foi passado: a vida é muito curta para ser pequena.

Os cinco perfis de comportamento identificados na pesquisa:

- OS COMPROMETIDOS (17%) “sou consciente, ajudo a conscientizar, faço o que posso”.
Separam lixo, consomem produtos orgânicos, reutilizam papel na impressão, evitam usar sacolas plásticas e buscam alternativas para diminuir o uso do carro. Economizam água e energia e não jogam lixo na rua. Esperam do governo mais campanhas que ensinem a população a preservar o meio ambiente.

- OS TEÓRICOS (26%): “sou consciente, mas não faço tudo o que deveria”
Têm o maior conhecimento teórico e são os mais idealistas em relação a causas ambientais, mas sua atuação efetiva no dia-a-dia não é tão alta.

- OS REFRATÁRIOS (20%): “não me importo, não me esforço”
Eles até se preocupam com o futuro dos filhos e com o tempo que as coisas levam para se decompor na natureza: “mas esse é um problema para outras gerações”. São menos idealistas: preferem trabalhar infelizes por dinheiro a trabalhar por prazer.
Não fizeram nenhuma mudança no dia-a-dia pela causa.

- OS INTUITIVOS (21%): “gostaria de ter mais conhecimento para fazer”
Não demonstram domínio sobre o assunto ou consciência ecológica. Apesar disso, economizam água e energia, têm cuidado com o lixo e o gasto de papel.

- OS ECO-ALIENADOS (16%): “sou alienado, ha-ha-ha-ha-ha!”
“Acho que não me interesso. Quando passa no Fantástico fico chocada, mas passam cinco minutos, aí esqueço”.