Criticando Togu
Togu. O Rio (leia-se "os moradores do Rio") tem lá suas idiossincrasias. Como explicar, por exemplo, o marasmo em que se transforma a Dias Ferreira, a rua mais cobiçada e concorrida da cidade, no horário de almoço? O que leva casas consagradas como Mok Sakebar, Carlota ou Togu - que transbordam no jantar - a sucumbir no horário por conta do improvável: falta de público. Por sua vez, espaços como Sushi Leblon, Celeiro e Zuka passam incólumes a essas esquisitices. Vá entender... Mas é fato que boa parte das casas dali pena no almoço, o que é uma pena. Por isso fui rapidinho ver a proposta de Denise Preciado, dona do Togu, para o novo almoço deste japa moderninho, de que gosto muito. Sua aposta é alta: um menu inédito e exclusivo para o horário, assinado por Ana Zambelli, chef que trabalhou com Ferran Adrià no El Bulli e em boas casas paulistas. Ana não é consultora . É a chef do almoço do Togu, coisa raríssima de se ver na cidade. Convoquei Bety Orsini para compartilhar do menu da nova chef, que é chamado ali de teishoku, uma versão japa das formules francesas, combinações de dois ou três pratos a preço fixo. A entrada e o prato principal saem a R$ 37 - mesmo valor de prato principal com sobremesa. O menu completo (entrada, prato principal e sobremesa) custa R$ 48, cifra justíssima para o que nos foi servido. Optamos pela combinação máxima e descombinamos nossos pedidos ao máximo. Enquanto fui de tartare de salmão na taça de martíni, com gelatina de shoyo no fundo e espuma de wasabi (tem que começar de baixo), Bety ficou com iscas de atum marinado no shissô, duas texturas de guacamole e farofinha surpresa - que desafio quem provar a adivinhar do que se trata (eu matei na hora). Depois, escolhi o salmão com caipirinha por cima, pois quis entender que composição era essa (e entendi), enquanto Bety deliciou-se com o camarão empanado na cerveja, que parece nuvem na boca. Dividimos o japonês com bota, versão do doce mineiro com pitadas orientais, e a espuma de Nutella, em que, a cada colherada, pescava-se uma fruta azedinha. De volta ao jornal, para lá de saciadas, compartilhamos da adorável sensação de que nós e o nosso animado apetite estiveram em ótimas mãos. E o nosso dia, viva ele, estava só começando...