Criticando Nam Thai

Volta e meia o chef David Zisman passa uma temporada na Tailândia, de onde traz na bagagem gratas novidades para o Nam Thai, restaurante que comanda há uma década no Leblon. Zismam é daqueles profissionais apaixonados pelo que faz. Anos atrás, trocou a Medicina (era clínico geral) pelas panelas, mais precisamente pelas woks, nas quais prepara boa parte dos pratos do cardápio. Mês passado, ficou 30 dias em Bangcoc fuçando novidades (ou, ao contrário, antiguidades). Voltou especialmente encantado com as misturas e sabores da culinária de rua, a simples e genuína, que, aos pouquinhos, está servindo em seu restaurante. Foi essa cozinha de rua que me levou ao Nam Thai. Escalei minha mãe, Sônia, totalmente virgem em matéria de cozinha tailandesa, para ser minha parceira desse almoço dominical. Desconfiadíssima, depois de passar em revista os pratos do cardápio, achou mais prudente pedir algo familiar: talharim de arroz frito com frango fatiado e curry vermelho thai, que atende pelo estranho nome de khao soi (R$34). Um dos grandes trunfos de Zisman são os seus curries caseiros, que prepara ali mesmo, com os ingredientes que traz de suas viagens. Faz vários deles, de muitas cores, sabores e ardores (o menu traz o teor de ardência de cada receita). De prato principal, pedi a sopa agripicante (R$24), que me deixou alimentada até o dia seguinte. Ah, nosso almoço foi acompanhado de vinho branco, o Vina Esmeralda, mistura de moscatel e gewurztraminer, que Zisman garimpou entre rótulos espanhóis. Dividimos um dim sum (que virou dim dom, homenagem de minha mãe aos 50 anos da bossa nova): camarão com cebolinha; mignon com curry amarelo; peixe com gengibre; e frango ao curry (R$7, cada). E teve também trouxinha frita de frango com coentro (R$16) e salmão marinado no shoyo e creme azedo (R$25). Aprendi naquela tarde que dim sum quer dizer alegrar o coração. E não é que funcionou? Com a ajuda do vinho, saimos dali alegríssimas...