Criticando Bar do Ferreira
Nos anos 80, quando ainda era setorista de polícia num extinto matutino carioca, morei numa quitinete no Leblon. Ficava em frente a um boteco muito popular, daqueles que o morador mesmo quase nunca dava as caras. Era a birosca dos porteiros, das domésticas, dos motoristas. E de um ou outro aventureiro como eu. Hoje, quase 30 anos depois, recebo a notícia de que o Bar do Ferreira, na esquina da João Lira com a Humberto de Campos, passou por ampla reforma. Fui lá correndo visitar. Por sorte, a mudança não ficou a cargo de nenhuma dessas novas redes gastronômicas (apesar de muitas terem tentado comprar o excelente ponto). Neste caso, foi o próprio Paulinho, filho do seu Ferreira, quem assumiu o negócio, após a aposentadoria do pai. Pois o Paulinho, caro leitor, transformou o desgastado bar num boteco bacana. Um dos poucos pés-sujos reformados da cidade que não ficaram com cara de banheirão - nem de barzinho paulistóide. O novo Ferreira ficou foi limpo e asseado, mas manteve-se botequim: simples, popular e muito carioca. Quem pilota o balcão é o próprio Paulinho, com a ajuda de um gerente, três garçons e dois cozinheiros. $fazem quitutes interessantes, como o "perdidinho" de camarão e as bolinhas de carne-seca com aipim. Há um bom sanduíche de pernil e o croquete é de carne assada de verdade. A esquina que o emoldura por si só já faz do salão do Ferreira um lugar agradável. Mas agora, pranchas de madeira inteligentemente atravessadas nas portas fazem da entrada do velho sobrado um verdadeiro balcão ao ar livre. Ideal para fumantes e apreciadores das flores que flanam nas calçadas do Leblon. Aliás, já tinha até esquecido. Valha-me, Nossa Senhora de Fátima...