Criticando Quadrifoglio

Recentemente tentei provar do festejado cassoulet do Allard, restaurante clássico parisiense, em Saint Germain, mas fui barrada na porta. Após bufar três vezes, ouvi de um impaciente monsieur, que não era de bom tom adentrar num restaurante francês depois das 14h (mesmo que esse "depois" fosse coisa de menos de cinco minutos). E deseducamente foi nos encaminhando (ou empurrando?) até a porta. Paris nem sempre é uma festa. Mas o Rio pode ser. Ao chegar, na última terça-feira, ao Quadrifoglio, já passavam das 15h. E daí? E daí, nada: encontramos a casa de portas abertas e staff elegante e afável, que de tão receptivo, fez o nosso almoço quase virar jantar. Fomos provar o menu de almoço, do qual só escuto elogios. Engrosso o coro: o Quadrifoglio está com serviço e cozinha de nível internacional, o que não é pouca coisa, especialmente no horário de almoço, quando o padrão na maioria dos restaurantes tende a cair. A casa hoje está entre as grandes do Rio. O pranzo inclui antipasti, prato principal e sobremesa. Custa R$ 49, preço generoso para o que desfrutamos: carpaccio de badejo com molho de uvas verdes, folhas, azeite e gotas de limão-siciliano (que intercalei com goles de Masseria Trajone, branco siciliano, da uva inzólia). De primo piatto, teve posta alta de congro-rosa grelhado com farofinha de pão crocante por cima, acompanhado de risoto de limão-siciliano; ravióli de massa amarelada e de consistência perfeita, recheado de ricota, figo, nozes e (acho) gotinhas de Amaretto (dessa vez, tomei o fresquíssimo tinto Montepulciano D'Abruzzo 2008) e o nhoque de ricota com espinafre e molho de tomate fresco, prato das antigas dali. A sobremesa, driblamos do jeito que deu. Entre profiteroles de gianduia, mil-folhas de baunilha e coulis de morango, pedimos a torta-musse gelada de chocolate doce e amargo, que dividimos por três. O café chegou com biscoitinhos quentes, recém-saídos do forno. Tudo como se estivessemos à mesa em pleno o meio-dia. Enquanto isso, lá em Saint Germain...