Criticando Bar Rebouças

Uma pequena porta atrás de um ponto de táxi esconde um segredo no Jardim Botânico. Em pleno bairro de restaurantes chiques e bares sofisticados há um boteco que honra a boa tradição da boemia popular. De dentro da discretíssima cozinha do Bar Rebouças, pilotado pelo casal de portugueses Gertrude e Alberto da Conceição, saem algumas saborosas pérolas da baixa gastronomia carioca. O que diria você, caro leitor, se eu lhe contasse que o melhor da casa é a porção de jiló que aparece na foto aí ao lado? Pois creia: servido frio, marinado numa mistura de temperos guardada a sete chaves, o petisco conquista até quem tem pé-atrás com o fruto do jiloeiro. Sem o amargor agudo que normalmente lhe é atribuído, o jiló no Bar Rebouças vira fina iguaria, reconhecida por ninguém menos que Claude Troisgros. Conta seu Alberto que o chef francês, notório entusiasta do jiló e dono de um restaurante a um quarteirão dali, já foi algumas vezes ao boteco para saborear o acepipe. Mas não é só de jiló, claro, que vivem os freqüentadores do Rebouças. Cerveja gelada e chope razoável circulam pelo balcão e pelas mesinhas na calçada. A porção de carne, lentamente assada e temperada com vinagre e louro, desmancha na boca. As sardinhas, servidas diretamente da latinha portuguesa, deixam a língua no ponto para o próximo copo. Lingüiça, bolinhos de bacalhau e um bom caldo verde completam o cardápio da casa, que ainda serve almoço executivo durante a semana, a preços abaixo de R$15. Em tempo: o jiló que conquistou Claude Troisgros custa R$ 4.