Criticando Bar Lagoa
Na noite em que o entorno da Lagoa virou uma grande lagoa também, resultado daquele aguaceiro de quatro horas sem tréguas que inundou a cidade na quinta-feira passada, jantei na varanda do Bar Lagoa. E, acredite, sobrevivi enxutíssima. O enxuta é literal: não caiu um pinguinho sequer sobre a nossa mesa. Só por esse feito, o bom e velho Lagoa já merecia um faqueiro completo (com talheres de peixe, que ali ainda tem). Mas os méritos desse veterano endereço vão muito além de um toldo bem cuidado. Há 75 anos, o cardápio não muda. E precisa? O importante é que o que tinha que modernizar, assim foi feito: a casa agora tem café expresso, por exemplo. De máquina italiana. E também tem site, dos melhores, que traz o que poucas casas trazem: os preços dos pratos. Isso é que é modernidade das melhores - e para ser copiada... Os pratos são os de sempre (amém), que chegam igualmente gostosos e bem servidos desde sempre (amém, também). Nada de lançamentos, de sugestões do chef (aliás, quem é o chef do Lagoa?), de modismos gastronômicos (além do expresso). Abrir o cardápio da casa é ir direto ao ponto: rosbife com salada de batata (R$ 31), salsichão (branco ou vermelho) com salada de batata (R$ 27), o bom e velho filé à Rossini, com um naco de patê adorável no topo (R$ 39). A mostarda preta faz a sua parte. Minha filha foi de kassler com salada de batata (R$ 36) e levou um tanto para casa. É uma porção de peso. Como não sou de chope, pedi a carta de vinhos. Recebi uma pequena cartela com meia dúzia de rótulos, entre tintos e brancos. Todos por inéditos R$ 30. Escolhi um sauvignon blanc chileno que funcionou bem. Dizer que foi uma noite bacana é chover no molhado. Mas é que além do tempo, o Lagoa é também à prova d'água. Foi a gota que faltava.