Criticando Restô

O nome é familiar - já existiu um Restô em Ipanema, na Rua Teixeira de Melo - e o chef também é manjadinho: Tande Bittencourt, sobrinho de Chico Mascarenhas (Guimas), que há tempos comandou o Dom João, no Horto, lembra? O sócio dali é para lá de conhecido: o ator Danton Mello. Mas isso é lá com eles. Para nós, clientes, o Restô é só novidades. E bem-vindas. O local onde se instalou o restaurante é um achado: uma casa espaçosa, de dois andares, daquelas típicas de Ipanema. Fica bem na esquina das ruas Joana Angélica e Nascimento Silva, como se lê na plaquinha luminosa azul e branca, obra do designer Aluísio Magalhães, que tem a cara da cidade. E que a gente avista do salão. Delícia. O cardápio de Tande é original, uma mescla de pratos e sabores de muitas cozinhas. Talvez o chef tenha reunido ali os hits de sua carreira. Se assim foi, o garimpo funcionou. O que provamos, aprovamos. A bruschetta de figos frescos com queijo de cabra e mel de tomilho (R$ 10) chegou melhor do que a versão com beterraba e burrata (que não era bem burrata) e raspas de limão em conserva (R$ 12). O champignon do Valete (R$ 14) estava interessante: portobellos com fatias finas de pimentões coloridos ao pesto, cebolas roxas caramelizadas e maionese aiöli de alecrim por cima; assim como as bolinhas de risoto com molho de tomate seco (R$ 13,50), que acompanharam perfeitamente o vinho português com preço de patrício (R$ 45). Provei dos pastéis de shiitake e brie (R$ 18) porque exibiam uma exclamação no cardápio. Não é sempre que se esbarra com uma - exclamação, não a porção de pastel - num menu. E é bom mesmo! Provei ainda o cappuccino de funghi, mix perfumado de shiitake, shimeji, porcini e cogumelos Paris, servido com "colarinho" de espuma de leite (R$ 17), e dividi o bife de chouriço com rösti e manteiga perfumada com chimichurri, molho hermano de ervas (R$ 40), que fechou a noite. Mais não coube. A casa tem esquema especial de almoço, com entrada, prato principal e sobremesa por enxutos R$ 28. Deve ser gostoso estar ali à luz do outono. O novo Restô não é moderno, nem clássico; não é chique, nem rústico; não é casa de tapas, bar ou bistrô. É um espaço de boa comida, ambiente gostoso, música agradável e acústica afinada. E é um dos poucos a acenar com uma atração especialíssima: mantém os bonitos janelões abertos para a rua, que funcionam como molduras para as amendoeiras e o vai-e-vem de pedestres e carros, num climão que me remeteu aos tempos em que Ipanema era só felicidade...