Criticando Margutta
Quando a cesta de pão chegou com torradinhas velhas e pães murchos, mal pude crer no que via ali, bem na frente do meu nariz: estávamos mesmo no Margutta, um dos clássicos do Rio? A caponata de aparência suspeita (mas gostosa), com meia dúzia de azeitonas e manteiga dispostas num pratinho de alumínio de boteco, confirmou o que eu temia: a casa, com décadas de ótimos serviços prestados, não está em boa fase. Na noite em que jantamos ali, o Margutta - que pena - estava irreconhecível. Pedimos meia dúzia de ostras (nossa salvação), que acompanhamos com um vinho branco italiano leve, fresco e de bom preço. Para nossa alegria, chegou em seguida uma fornada de pizza branca fresquinha, salpicada de alecrim, como nos velhos tempos. A partir daí, pois é, encaramos uma sucessão de desacertos, com ressalva ao eficiente serviço do salão. Nem o cardápio escapou de boa: agora ele é plastificado e traz fotos coloridas de alguns pratos, como em rodízios de beira de estrada. Éramos quatro mulheres à mesa. Minha amiga pediu filé de badejo com espinafre, que chegou cortado em três filetes (onde já se viu isso, a não ser lá em casa?) esturricados, secos e feiosos. Nossas filhas dividiram um farfalle de salmão defumado, mais gorduroso do que gostoso. E eu me limitei a um simples carpaccio de peixe branco, que chegou ácido de doer e salpicado de pimenta forte. Como o pão era ruim, encarei algumas garfadas dele puro, que me levaram a nocaute - e a aftas. Desistimos, todas juntas. A conta? Coisa de R$ 250, sem contar o vinho. Nosso encontro de celebração, quem diria, acabou em decepção. Em se tratando de um restaurante como o Margutta, um jantar desse nível é imperdoável. E lamentável.