Criticando Málaga

Primeiro foi Moacyr Luz. Depois, Mú Carvalho. Músicos afinados no palco e na mesa, ambos me falaram do Málaga, restaurante escondidinho no Centro. Combalida há dias por uma gripe que, entre outras coisas, me roubou paladar e olfato (pode?), na última quarta-feira, enfim, voltei a ser dona dos meus sentidos. Chamei Bety Orsini para celebrar a vida... à mesa do Málaga. A casa existe há décadas, mas como choperia. Só há cinco anos, pelas mãos dos novos donos (alguns egressos de clássicos do Rio, como o velho Rá, o Real Astória do Baixo Leblon), virou restaurante de cozinha internacional. Aprendi a não subestimar casas com esse perfil, onde se encontra um pouco de tudo (não tendo sushi...). Se a comida for benfeita, maravilha. Bom poder abrir com um prato alemão e fechar com um francês, como fizemos. Depois das provinhas, que o garçons gentilmente deixavam sobre a nossa mesa - consomê de carne na xícara de cafezinho, potinhos com mostra de risoto de alho-poró, gorgonzola e azeite trufado -, pedimos o labskaus (R$ 28), prato alemão que não conhecia. É um hambúrguer (que não é $) feito com carne marinada durante 15 dias, depois moída e misturada com um pouco de batata cozida e temperos, muitos deles. Chega com dois ovos estrelados, pepinos em conserva e tiras de bacon crocantes. Providencialmente, nosso atendente (o serviço é perfeito) nos serviu como manda o figurino alemão: emborcou os ovos com as gemas para a carne, cortou o bacon, os pepinos, o hambúrguer e misturou tudo elegantemente. Completei com pimenta do reino e pinceladas de mostarda preta. Às quartas de inverno tem pot-au-feu. Irrecusável. Eu me fartei de tutano, carne de peito maciça, legumes al dente e o caldinho adorável (R$ 39). Às quintas, a principal atração é o leitãozinho à Bairrada, que, segundo Moacyr, faz aparecer fila na porta. Às sextas, tem feijoada, mas os risotos, os peixes, as paellas, as muitas versões de grelhados e os sabores alemães estão diariamente em cartaz. Vale testar (e brindar) o seu paladar.