Criticando Antigamente
Conheci Carlinhos Laguna numa festa, dois anos atrás. Firme, mas com delicadeza, ele me abordou: - Deves-me uma visita. No caso, uma visita ao seu bar, o Antigamente, primeiro da fila no corredor de cultura e boemia que se estende pela Rua do Ouvidor. Mal sabia ele que eu, incógnito, já frequentava seu botequim de inspiração portuguesa e comida brasileiríssima. Mas faltava, de fato, um registro neste pequeno espaço. A promessa virou dívida, cumprida hoje com muito atraso. Demorou, talvez, porque, daquele encontro para cá, o Antigamente entrou na moda. Virou point, frequentou capas de jornais e revistas. Seus garçons trocaram o talão carbonado pelo palmtop. Tudo influência do próprio Carlinhos, um português apaixonado por samba que trocou Lisboa pelo Rio há dez anos, que toca seu bar inspirado no passado com competente visão de futuro. Mas o que é que tem tudo isso, caro leitor, se no espírito o Antigamente é mesmo um bar... de antigamente? Com sua vista inextinguível para a histórica Igreja de Santa Cruz dos Militares; com as mesas espalhadas pela rua após as 18h; com o pastel de costela impecável; com o já tão famoso samba que - sábado sim, sábado não - agita a Rua do Ouvidor. Samba que ali, do Antigamente, pode ser saboreado "ao som" de uma bela feijoada, de precinho camarada.